A Amazon indicou que está se preparando para um cenário econômico mais complicado nos próximos meses, reforçando uma preocupação que já ronda o mercado: o impacto de tarifas comerciais e da instabilidade global sobre os hábitos de consumo.

Ao divulgar os resultados financeiros do primeiro trimestre na última quinta-feira (2), a maior varejista digital do planeta registrou desempenho acima das expectativas em algumas frentes, mas frustrou os investidores ao prever um lucro operacional menor do que o projetado por Wall Street para o segundo trimestre.

Segundo a companhia, o lucro operacional entre abril e junho deve ficar entre US$ 13 bilhões e US$ 17,5 bilhões — abaixo da previsão média de US$ 17,8 bilhões. Já o faturamento previsto está na faixa de US$ 159 bilhões a US$ 164 bilhões, levemente aquém da estimativa dos analistas, que girava em torno de US$ 161,4 bilhões.

A empresa apontou que os resultados futuros podem ser “materialmente afetados por muitos fatores”, citando entre eles “políticas tarifárias e comerciais”, variações cambiais e riscos de desaceleração econômica. Diferentemente do que fez neste novo relatório, a Amazon não havia mencionado tarifas em sua previsão de fevereiro.

“Obviamente, nenhum de nós sabe exatamente onde as tarifas serão fixadas ou quando”, afirmou o CEO Andy Jassy durante conferência com investidores. “Ainda não vimos nenhuma redução na demanda. Até certo ponto, observamos um aumento nas compras em certas categorias, o que pode indicar um aumento nos estoques antes de qualquer potencial impacto tarifário.”

No primeiro trimestre, a Amazon registrou aumento de 9% nas vendas, totalizando US$ 155,7 bilhões — acima da média estimada de US$ 155,2 bilhões. O lucro operacional foi de US$ 18,4 bilhões, superando as projeções que apontavam para US$ 17,5 bilhões.

Apesar disso, sinais de desaceleração começaram a surgir em segmentos estratégicos. A receita com serviços prestados a vendedores terceirizados subiu 6%, somando US$ 36,5 bilhões — resultado abaixo das previsões. A divisão de publicidade, embora continue sendo a que mais cresce, avançou 18% e atingiu US$ 13,9 bilhões, alinhando-se às expectativas do mercado.

“A publicidade na Amazon continua vulnerável a cortes de gastos de muitos vendedores de pequeno e médio porte que serão mais afetados pelas tarifas sobre produtos da China, e o crescimento da receita do mercado de terceiros desacelerou significativamente em relação aos níveis de apenas alguns trimestres atrás”, analisou Sky Canaves, da Emarketer.

No pré-mercado desta sexta-feira, as ações da empresa recuaram cerca de 2%, após fechar o dia anterior cotadas a US$ 190,20. No acumulado de 2025, os papéis da Amazon já caíram 13%, refletindo as incertezas sobre os impactos das tarifas impostas pelo ex-presidente Donald Trump sobre produtos chineses, que compõem boa parte da oferta da varejista.

A divisão Amazon Web Services (AWS), voltada à oferta de serviços em nuvem, teve crescimento de 17% no primeiro trimestre, totalizando US$ 29,3 bilhões — em linha com as expectativas, mas marcando o avanço mais lento da unidade em um ano. O desempenho contrastou com o da Microsoft, cuja plataforma Azure teve um trimestre bem acima das estimativas.

Para Gil Luria, analista da DA Davidson & Co., os investidores ficaram “um pouco decepcionados com as margens e as diretrizes”, o que pode levantar dúvidas sobre a capacidade da Amazon de absorver os custos adicionais das tarifas. Segundo ele, “embora a AWS tenha apresentado crescimento próximo do esperado, isso foi ofuscado pelo desempenho superior da Azure, que expandiu quase duas vezes mais rápido”.

Na mesma semana, a Amazon também foi alvo de críticas por parte da Casa Branca, após circular a informação de que a empresa estaria considerando repassar aos consumidores os custos das tarifas em sua plataforma Haul — loja virtual de produtos de baixo custo importados diretamente de vendedores chineses. A empresa negou qualquer decisão definitiva e afirmou que apenas avalia possibilidades.

O diretor financeiro Brian Olsavsky destacou que a companhia está se preparando para diferentes cenários econômicos e comerciais. “Tomamos uma série de medidas para proteger a experiência do cliente”, afirmou. “Estamos fazendo tudo o que podemos para manter os preços baixos para os clientes, de uma forma que faça sentido econômico.” E mais: Acordo entre EUA e China acalma mercados e impulsiona queda do dólar. Clique AQUI para ver. (Foto: Pixabay)

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