A Voepass Linhas Aéreas protocolou na última terça-feira (22) um novo pedido de recuperação judicial, desta vez no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. A empresa, que enfrenta dificuldades financeiras agravadas nos últimos meses, pretende com essa medida reorganizar seus compromissos e reforçar sua estrutura de capital.
“Com todo o cenário enfrentado pela companhia nos últimos meses, esta foi a única saída para realizar uma reestruturação completa e garantir que a Voepass volte a oferecer um serviço essencial para o desenvolvimento do Brasil”, afirmou o CEO José Luiz Felício Filho, em nota divulgada pela companhia.
Este é o segundo pedido do tipo feito pela Voepass. Entre 2012 e 2017, a empresa já havia passado por processo semelhante e, segundo declarou, conseguiu reorganizar suas operações e finanças, transportando mais de 2,7 milhões de passageiros nos últimos três anos.
De acordo com a empresa, a nova solicitação à Justiça marca uma nova fase do plano de reestruturação financeira iniciado em fevereiro deste ano. A expectativa é que, se aprovado, o pedido congele os passivos atuais para negociação com os credores dentro de um plano detalhado. “Caso o [novo] pedido de recuperação judicial seja deferido pela Justiça, todos os passivos da Voepass serão congelados e negociados com base em um plano detalhado que será elaborado para atender a todos os credores”, destacou a empresa.
O pedido judicial não abrange os processos relacionados ao acidente aéreo ocorrido em agosto de 2024, na cidade de Vinhedo (SP), que deixou 62 mortos. Esses casos, segundo a companhia, estão sendo conduzidos pela seguradora.
Atualmente, as operações da Voepass estão suspensas por decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que identificou falhas nos sistemas de gestão da empresa. “A suspensão vigorará até que se comprove a correção de não conformidades relacionadas aos sistemas de gestão da empresa previstos em regulamentos”, afirmou o órgão regulador.
A companhia afirma estar empenhada em retomar as atividades. “Desde a notificação recebida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em março, a Voepass vem atuando de maneira colaborativa e transparente com o órgão regulador, apresentando todas as comprovações técnicas e operacionais exigidas, com foco na segurança e na retomada das atividades o mais breve possível”, diz o comunicado.
No pedido entregue à Justiça, a Voepass também responsabilizou a Latam por parte da sua crise, alegando que a antiga parceira deixou de cumprir compromissos financeiros e interferiu em sua operação. As empresas mantinham um acordo de codeshare, permitindo a comercialização de passagens compartilhadas.
“As requerentes foram surpreendidas com a decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que suspendeu por tempo indeterminado todos os seus voos, o que acabou por agravar sua situação financeira, já afetada substancialmente pelos inadimplementos da Latam e por sua ingerência nas atividades das requerentes”, afirmou a companhia no processo.
Procurada, a Latam declarou que o encerramento da parceria foi motivado pelo acidente do voo 2283, operado pela Voepass em agosto de 2024, além da suspensão das operações da empresa. “A Latam Airlines Brasil reforça que o término da parceria comercial com a Voepass foi motivado principalmente pelo acidente ocorrido no voo 2283, operado pela Voepass em 9 de agosto de 2024”, informou a empresa.
Ainda sem previsão para o retorno das operações, a Voepass tenta manter seu compromisso de conectar regiões do interior brasileiro aos grandes centros, mesmo em meio a um cenário desafiador para o setor aéreo regional. E mais: Mais Médicos: profissionais formados fora do Brasil começam a atuar no SUS. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC)