
Famílias de crianças diagnosticadas com neuroblastoma podem ter boas notícias este ano. O laboratório farmacêutico Recordati anunciou que submeteu o medicamento de alto custo betadinutuximabe, comercialmente conhecido como Qarziba, à avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). Se aprovado, o medicamento será incluído no sistema público de saúde, beneficiando crianças que enfrentam esse tipo de tumor maligno.
A Conitec terá um prazo de 180 dias (prorrogáveis por mais 90 dias) para analisar a proposta. O neuroblastoma é o terceiro tipo mais comum de câncer infantil, representando de 8% a 10% de todos os tumores infantis. Há uma estimativa de 387 novos casos de neuroblastoma no Brasil anualmente, com pelo menos metade classificada como neuroblastoma de alto risco (HRNB).
O caso do menino Pedro, de 5 anos, filho da antropóloga Beatriz Matos e do indigenista Bruno Pereira, que faleceu em 2022, trouxe visibilidade para a doença. O laboratório Recordati destacou em nota seu compromisso com o acesso público total a essa imunoterapia.
A empresa argumentou que o medicamento é recomendado para neuroblastoma de alto risco por agências internacionais em diversos países, incluindo o Reino Unido, Escócia, Irlanda, Bélgica, Suécia, Polônia, Austrália, Taiwan e Hong Kong. Embora a Anvisa tenha autorizado o uso do medicamento no Brasil em 2021, sem aprovação da Conitec, o tratamento só é possível na rede privada.
O Qarziba é indicado para pacientes a partir de 12 meses que foram tratados com quimioterapia de indução, alcançaram pelo menos uma resposta parcial e passaram por terapêutica mieloablativa e transplante de células-tronco. Também é recomendado para pacientes com história de recidiva ou neuroblastoma refratário, com ou sem doença residual.
O laboratório destaca que o Qarziba foi utilizado em estudos clínicos desde 2009, abrangendo mais de mil pacientes em 18 países. A imunoterapia anti-GD2, presente no Qarziba, não apenas melhora a sobrevida, mas também reduz o risco de falha nos tratamentos anteriores, evitando recidivas.